Os critérios ESG (ambiental, social e governança, na sigla em inglês) rapidamente ganharam espaço no mercado, passando a ser demandados por investidores, consumidores e governos pelo mundo. Com isso, a sustentabilidade ganhou protagonismo nas estratégias de negócio, tornando-se decisiva para o acesso ao mercado, principalmente internacional, e para o desenvolvimento das cadeias de valor.
No Brasil, o setor industrial vem demonstrando preocupação com essa agenda, especialmente na eficiência de recursos e produtos de menor impacto, investimentos para colocar a indústria brasileira em destaque quando se fala em competição internacional. “Vemos empresas de alimentos e bebidas, por exemplo, investindo em alternativas para ganho de eficiência no consumo de água e na gestão de resíduos. A indústria em geral também vem desenvolvendo muitas soluções para contemplar a demanda por sustentabilidade, observando ainda a redução de custo e a maior competitividade do modelo de negócios”, explica Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Além da mudança no perfil do consumidor, que se tornou mais interessado sobre o processo produtivo dos produtos e demonstra maior disposição a pagar mais por produtos sustentáveis – critérios que passaram a ter grande influência em sua decisão de compra, o contexto de mercado também passa por revisões para estimular práticas ESG. Reguladores estão evoluindo com atos normativos que estimulem a sustentabilidade, diversos países e blocos econômicos têm colocado questões socioambientais com pré-requisitos para o comércio internacional e instituições financeiras procuram desenvolver incentivos para empresas que fazem da sustentabilidade uma estratégia corporativa.
“Percebemos que as grandes indústrias já internalizaram a sustentabilidade como parte de sua estratégia e temos identificado um movimento para desenvolver a agenda ESG entre sua cadeia de fornecedores. Claro que muita coisa precisa ser feita, o Brasil ainda lida com problemas estruturais como saneamento, mas a ideia é que as empresas brasileiras evoluam cada vez mais em termos de sustentabilidade. A CNI acredita que o que vai realmente ‘virar a chave’ são os incentivos econômicos, com uma orientação forte de controle e fiscalização” destaca Bomtempo.
O executivo também ressalta a importância da reciclagem e como a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi uma vitória para marcar a relevância da gestão de resíduos sólidos no Brasil. Hoje, reciclar é mais caro do que utilizar a matéria-prima virgem no Brasil. A CNI, como representante da indústria, trabalha para criar estímulos para baratear custos e tornar o material reciclado uma vantagem competitiva.
“A gente vem trabalhando muito na agenda de economia circular, que é um processo maior que a reciclagem. Ela se inicia ainda na parte da inovação, quando se define o design do produto e a embalagem, por exemplo. Assim, as empresas já podem antever todo o ciclo de vida dos produtos desde a fase criativa, pensando em maior durabilidade, facilidade de manutenção, entre outros”, pontua Bomtempo.
Segundo a pesquisa “Hábitos sustentáveis e consumo consciente” realizada pela CNI em 2022, sete em cada dez brasileiros (69%) costumam separa materiais para reciclagem. Os materiais mais separados são plástico (76%), alumínio (56%), papel (53%) e vidro (47%). Falando especificamente sobre embalagens, 38% dos consumidores dizem reciclar embalagens em geral, enquanto as caixinhas cartonadas são separadas por 32% dos brasileiros.
Há mais de 25 anos, a Tetra Pak atua no fomento à cadeia de reciclagem no Brasil, estimulando que todos os elos da cadeia estejam conectados e trabalhando com a tecnologia e infraestrutura necessárias para reciclar as embalagens cartonadas, que hoje servem de matéria-prima para a produção de bicicletas, móveis, telhas e pisos, dentre outros materiais de alto valor agregado.
Essa é uma evolução importante, há cerca de 20 anos faltava tecnologia na cadeia pós-consumo para que as caixinhas pudessem ser transformadas em novos produtos de qualidades. Hoje, a companhia tem parceiros que desenvolvem diferentes produtos utilizando a embalagem cartonada como insumo.
Um gargalo significativo nessa frente, atualmente, é a educação ambiental do consumidor. Dessa forma, a empresa atua para fomentar a conscientização social e tornar a separação de resíduos recicláveis um hábito, além de atuar para fortalecer a coleta seletiva no país.
A Tetra Pak também apoia projetos sociais e ambientais para coleta não apenas das caixinhas, mas de outros materiais, como vidro, papel, plástico e alumínio, ajudando assim a fortalecer toda a cadeia. Ao longo de 2022, essas ações impactaram mais de 213 mil pessoas e coletaram mais de 120 mil toneladas de materiais.
Os movimentos para uma produção ambientalmente mais consciente passa também pela transição para uma economia de baixo carbono e a indústria brasileira já começa a investir nessa frente, como parte de sua estratégia alinhada à sustentabilidade, mas também como caminho para reduzir custos a partir da eficiência no consumo de insumos.
Há 3 anos a CNI vem desenvolvendo uma estratégia para a transição para a economia de baixo carbono, com grande aderência às agendas internacionais, que contempla 4 pilares: transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação florestal.
“A transição energética olha para eficiência no consumo de energia, expansão de renováveis, e novas tecnologias como hidrogênio verde e captura de carbono. Já o mercado de carbono vem para dar andamento e conectar todas as agendas. Entendemos que esse é um caminho que o Brasil precisa seguir o quanto antes para se inserir nas relações de comércio internacional desse mercado”, explica Bomtempo.
O executivo também destacou que o papel da inovação industrial para endereçar a economia circular, olhando para a construção de parâmetros e regulamentos a nível internacional, como normas ISO. Além do papel do poder público nesse contexto, como um comprador que movimenta de 10% a 15% do PIB, sendo um grande indutor para a “virada de chave” dessa agenda. Já a agenda da conservação florestal traz a bioeconomia com papel relevante do setor privado no desenvolvimento de soluções ao desmatamento ilegal junto ao governo, a partir da exploração sustentável dos recursos biológicos, entre outras questões de ordem internacional.
A CNI é a principal representante da indústria brasileira na defesa e na promoção de políticas públicas que favoreçam o empreendedorismo e a produção industrial no país, se quiser conhecer mais acesse o site.